FARC-EP cumprem cessar-fogo
e prosseguem negociações

Propostas para <br> uma paz sólida

As Forças Ar­madas Re­vo­lu­ci­o­ná­rias da Colômbia – Exér­cito do Povo (FARC-EP) cum­prem, desde o dia 15, um cessar-fogo uni­la­teral, o se­gundo desde que se ini­ci­aram as ne­go­ci­a­ções de paz com o go­verno co­lom­biano, que pros­se­guem em Cuba.

As FARC-EP re­jeitam a po­lí­tica da «terra quei­mada»

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A de­cisão acolhe o pro­fundo clamor na­ci­onal e es­tará em vigor até dia 15 de Ja­neiro, su­bli­nhou a de­le­gação das FARC-EP. Na con­fe­rência de im­prensa re­a­li­zada dia 8 de De­zembro no Pa­lácio de Con­ven­ções de Ha­vana, a guer­rilha ma­ni­festou-se, igual­mente, es­pe­ran­çada de que o exe­cu­tivo li­de­rado por Juan Ma­nuel Santos res­pon­desse ao gesto de paz com uma trégua na ofen­siva mi­litar. Bo­gotá, no en­tanto, re­jeita in­ter­romper os com­bates man­tendo a pos­tura adop­tada ao longo de todo o pro­cesso de ne­go­ci­a­ções.

Em Cuba, FARC-EP e go­verno da Colômbia con­ti­nuam as con­ver­sa­ções em torno da questão das drogas ilí­citas, ter­ceiro dos seis pontos em agenda. Se­gundo in­for­ma­ções di­vul­gadas pela Prensa La­tina, a or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária re­jeita a pers­pec­tiva go­ver­na­mental de apli­cação uma po­lí­tica de «terra quei­mada» e de ocu­pação do es­paço, e su­blinha a ne­ces­si­dade de er­ra­dicar as causas que forçam muitos agri­cul­tores aos cul­tivos ilí­citos, bem como a pro­moção de al­ter­na­tivas de de­sen­vol­vi­mento e bem-estar du­ra­douro.

Pro­postas mí­nimas

Para as FARC-EP, a pro­dução, co­mer­ci­a­li­zação e con­sumo de nar­có­ticos são graves pro­blemas so­ciais e de saúde pú­blica, im­pos­sí­veis de tratar pela via mi­litar. Exigem por­tanto o en­vol­vi­mento das co­mu­ni­dades na con­so­li­dação de so­lu­ções e com­pro­missos por parte das grandes po­ten­cias mun­diais, prin­ci­pais im­por­ta­dores de es­tu­pe­fa­ci­entes.

Entre as pro­postas mí­nimas di­vul­gadas pelo chefe da de­le­gação das FARC-EP, Iván Már­quez, des­tacam-se o des­man­te­la­mento das es­tru­turas narco-pa­ra­mi­li­tares es­ta­tais, a per­se­guição dos car­téis cri­mi­nosos, a re­pa­ração das ví­timas dos ata­ques com agentes tó­xicos e a des­cri­mi­na­li­zação dos po­bres do campo.

FARC-EP e go­verno co­lom­biano já che­garam a acordo sobre o pro­blema agrário e a par­ti­ci­pação po­lí­tica. Para além da questão das drogas ilí­citas, está ainda por tratar a re­pa­ração das ví­timas do con­flito, a des­mo­bi­li­zação dos guer­ri­lheiros e as ga­ran­tias para o cum­pri­mento dos com­pro­missos que ve­nham a ser subs­critos.

O re­gime co­lom­biano de­fende que, no final das ne­go­ci­a­ções, o acordo seja su­jeito a re­fe­rendo. As FARC-EP sus­tentam que a ins­ta­lação ime­diata de uma As­sem­bleia Cons­ti­tuinte as­se­gu­raria me­lhor o fu­turo do país e im­pe­diria re­tro­cessos. Seria «a chave da paz», frisam.

Con­flitos acesos

En­tre­tanto, na Colômbia, dois temas do­minam a ac­tu­a­li­dade. Por um lado, a des­ti­tuição do pre­si­dente da Câ­mara de Bo­gotá, Gus­tavo Petro, um acér­rimo de­fensor do pro­cesso de paz, afas­tado da gestão da ca­pital num caso ju­di­cial mi­nado por mo­ti­va­ções po­lí­ticas.

Si­mul­ta­ne­a­mente, as or­ga­ni­za­ções cam­po­nesas de­nun­ciam ame­aças de morte aos seus di­ri­gentes, o que re­la­ci­onam com a per­se­ve­rança na de­fesa dos in­te­resses po­pu­lares nas ne­go­ci­a­ções em curso com o go­verno, e com as greves ru­rais re­a­li­zadas nos pas­sados meses de Junho a Agosto, nas quais mor­reram 12 pes­soas e cen­tenas fi­caram fe­ridas.

Para o pri­meiro tri­mestre de 2014, está con­vo­cado um grande fórum agrário na­ci­onal, en­vol­vendo cam­po­neses e co­mu­ni­dades ori­gi­ná­rias.




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